Sintra e "Os Maias"

    
    Vamos propor-vos uma curta viagem no tempo e na literatura portuguesa, com um "passeio" por Sintra com base na grande obra “Os Maias”, de Eça de Queirós(não o poderemos fazer de coche, por isso vamos recorrer às novas tecnologias...). Para quem é mais distraído, a referida obra foi publicada em 1888 e uma pequena parte da acção passa-se em Sintra, essencialmente, no capítulo VIII.
    "Em pleno séc. XIX esta linda vila era, entre muitas coisas, ponto de encontro para os casais apaixonados, sobretudo aqueles que, segundo a mesma sociedade, não o deveriam ser. Falamos, claro, dos amores proibidos. Esta escolha por parte das pessoas, ficava a dever-se ao facto de Sintra ser, ao mesmo tempo, afastada e próxima de Lisboa. Ou seja, era suficientemente longe dos olhares críticos e,como a viagem não era muito longa, ficava perto da capital."
     Vamos começar com um pequeno excerto de uma minissérie, correspondente a uma adaptação d' "Os Maias"... poderão contemplar Carlos da Maia à procura de Maria Eduarda em Sintra...



    
      Vamos continuar com a nossa viagem....

      Durante a leitura d' "Os Maias" ficamos impressionados com a forma como a Serra de Sintra é descrita, através do olhar transparente, quase fotográfico, de Eça de Queirós ... as paisagens, os palácios embebidos em mistério ... É sem dúvida uma viagem de descoberta! Para vos aguçar ainda mais a curiosidade  aqui ficam alguns excertos deste lindíssimo passeio literário tão bem trilhado por este escritor português...

Paisagem de Sintra
        

«…e, emergindo abruptamente dessa copada linha de bosque assoalhado, subia no pleno resplendor do dia, destacando vigorosamente num relevo nítido sobre o fundo do céu azul-claro, o cume airoso da serra, toda de cor violeta-escura, coroada pelo Palácio da Pena romântico e solitário no alto...»

Palácio da Pena visto do Jardim de Seteais

«Cruges, no entanto, encostado ao parapeito, olhava a grande planície de lavoura que se estendia em baixo, rica e bem trabalhada, repartida em quadros verde-claros e verde-escuros, que lhe faziam lembrar um pano feito de remendos.»



Traseiras do Palácio de Seteais



«Mas, ao chegar a chegar a Seteais, Cruges teve uma desilusão diante daquele vasto reino coberto de erva, coberto de erva, com o palacete ao fundo, enxovalhado, de vidraças partidas, e erguendo pomposamente sobre o arco, em pleno céu, o seu grande escudo de armas. Ficara-lhe a ideia, de pequeno, que Seteais era um montão pitoresco de rochedos, dominando a profundidade de um vale; e a isto misturava-se vagamente uma recordação de luar e de guitarras... »


Palácio de Seteias